segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Em Roma sê Romano. Em Barrancos sê Bezano!

É verdade, 2009 marcou a minha estreia na Fêra de Barrancos. Não sendo um aficionado, gosto de uma boa tourada e quis ir comprovar isso mesmo in loco. E o que dizer? Primeiro que, se não se perceber um nicho de touradas, uma pessoa vai sentir que aterrou ali de para-quedas. Eu aterrei. Depois, se as minis e os banhos de mangueira não fizerem parte do vocabulário e costumes, rapidamente irão fazer, pois ali, água, só no Alqueva! Forcados, cavaleiros, bandarilheiros e outros "personagens" da festa andam por ali aos repelões, perdidos de bebados, de sono e sem qualquer ponta de "cabeça"!
O lado negativo da festa é esse mesmo, não conseguir circular por uma ruela qualquer sem tropeçar num copo vazio de plastico ou numa mini perdida algures, isto quando não se tropeça nos próprios bebados, que estão por todo o lado, tornando a experiência "barranqueña" numa tentativa desesperada de fugir à cirrose!
Por outro lado, se formos a Barrancos apenas com a intenção de assistir a uma tourada/largada de touros e, no espaço que medeia as duas, se apreveitar para conhecer a região, então a "Fêra" de Barrancos é uma experiência única!
O dia começa com o encierro, ou seja, com a largada do touro por uma rua com um grau de inclinação bastante acentuado, até à arena, onde depois é laçado e colocado no curo. É interessante verificar que, após o lançamento do foguete que anuncia a "libertação" do touro rua acima, até o mais bebado dos bebados arranja forças para se pirar dali para fora o mais depressa possível! Isto acontece pelas 8 da manha. Até às 18, nada mais acontece, pelo menos relacionado com touros!
Aqueles que passaram a noite nos copos, vão para casa dormir. Os que passaram a noite nos copos, e que já dormiam à altura do encierro, continuaram a dormir. Os que foram dormir a horas minimamente decentes, vão para casa dormir, porque foram acordados pelos bebados várias vezes durante a noite. Os restantes, vão passear...
Às 18 começa a corrida, normalmente precedida de um enorme e caracteristico atraso à portuguesa (apesar de Barrancos ter adoptado muito da cultura espanhola, o mau da cultura portuguesa está lá todo!). Quem tem lugar nas bancadas, vai para os seus lugares. Quem não tem, fica lá fora, onde não ve um rabo de touro ou então fica no chão, dentro da arena, ao nível do touro. Esta última opção é, sem dúvida, a melhor opção para se sentir o fervilhar da festa brava! Ver a besta de 400 e tal quilos a menos de 2m de distancia é excitante, pois nunca sabemos quando é que o bicho se vai virar contra os gajos que estão à volta dele. O truque passa por nos mantermos sentados até à última hora, trepando às bancadas apenas quando o touro está mesmo embicado contra nós. E depois é trepar o mais alto possível, deixando o minimo de roupa ao nível da cabeça do touro! Ai sim, dá para sentir a verdadeira essência da Festa Brava!
E depois, mais minis e banhos de mangueira!

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