quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ai Portugal Portugal!!

Bem, isto há coisas do diabo (uma boa expressão portuga para começar!)! Quem diria que o filme "Aquele Querido Mês de Agosto", de Miguel Gomes, era assim tão interessante?? Eu de certeza que não, pois filmes portugueses actuais..enfim...
Mas pronto, lá fui eu ao ainda mítico King ver isto, com as expectativas muito "rasteirinhas", esperando mais uma trampa nacional! Mas não!!
O filme não se percebe bem se é documentário ou não. Ou melhor, até certo ponto é, e a partir talvez de meio, deixa de ser! É tipico o realizador português gostar de baralhar...
Portanto reza assim (mais uma expressão popularucha!): uma equipa de filmagens decide ir rodar um filme nas vilas e aldeias circundantes ao Rio Alva (quem não conhece, portanto temos Góis, Pereiro, Arganil, Colcurinho, Fajão...). Os primeiros 35/40 minutos do filme são feitos num registo documental, sem actores. E é aqui que tudo tem mais encanto! A sucessão de pintas é tão grande que não há hipotese de não gostarmos desta "introdução"! Desde o gajo que ganhava a vida a atirar-se para o rio no Carnaval (até que um dia não viu que o Rio estava em baixo...), passado pelos velhos que discutiam cada palavra, os músicos das aldeolas a cantar à desgarrada, enfim, figurões do alto da serra!! Mais, é impossível a junção de "pintas+música pimba" correr mal, e o realizador sabe-o muito bem! Durante todo o filme somos brindados com os mais badalados artistas portugueses, desde José Malhoa, passando por Diapasão, Dino Meira, José Cid, Marante e, claro, Tony Carreira (nunca aparecem no filme - tirando Diapasão - mas a música acompanha-nos por todo o lado). Um regalo para os sentidos (aquela cena em que a camara acompanha a carrinha dos Bombeiros de Arganil e em fundo se ouve "Sonhos de Menino", de Tony Carreira, é de levar às lágrimas!)!!
Contudo, não há bela sem senão (ai tão popularucho que me sinto hoje!). A partir do momento em que o registo documental é colocado um pouco de lado e surgem em cena um filme "puro e duro", "Aquele Querido Mês de Agosto" perde bastante do seu fulgor. De facto, conseguimos identificar neste filme todas as caracteristicas dos actuais filmes portugueses: história deslavada, diálogos non-sense, planos demasiado longos e parados, transições abruptas e, claro, sexo! Mas pronto, há música pimba, cantada pela voz da actriz principal no grupo "Estrelas do Alva" (nada "tipico", portanto...) e chega!!
Resumindo, o filme é uma agradável surpresa, no geral, que merece ser descoberto pois tem "personagens" muito interessantes. O bom do filme acaba por ser suficiente para ofuscar o mau.

p.s. e ainda aparece o jornal "A Comarca de Arganil", que é claramente um ponto a favor do filme (juíz em causa própria, mas não faz mal! )


3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada por teres contado o filme TODO filipe!! Torna tudo muito mais interessante para aqueles de nós que ainda não o tinham visto. Poupaste-me uma ida ao cinema...

FccNunes disse...

Não contei absolutamente nada do filme, se queres mesmo saber. Nem uma ponta do filme eu contei. Tudo o que eu disse ali é o que vais ficar a saber nos primeiros minutos. A história, essa, não disse nada! NADA!!
Portanto, essa tua desculpa para não ires ver o filme não tem validade!!!

Isobel disse...

Por acaso, não há nada que se possa dizer sobre o filme que consiga contar a história... porque a história em si não é nada. O filme encerra muito mais que apenas música pimba e cromos ou mesmo vidas comuns... só mesmo vendo...